The Super Mario Bros. Movie é o filme perfeito

Em entrevista recente para o canal Variety, o criador do Mario Shigeru Miyamoto garantiu que o novo filme The Super Mario Bros. Movie (Illumination, 2023) entrega aos fãs tudo que eles esperam. O cara está muito certo! Fui assistir ao longa metragem ontem (5 de abril) na noite de estreia, e saí da sala de cinema extasiado.

Sem correr o risco de dar qualquer spoiler, o enredo do filme é o que qualquer um que tenha um mínimo de familiaridade com a franquia de jogos Super Mario pode esperar. No Reino dos Cogumelos, o vilão Bowser põe as garras em uma Super Estrela, que lhe dará o poder necessário para colocar seu plano em prática; enquanto isso em New York, os irmãos Mario e Luigi se metem em um grande problema, e acabam entrando pelo cano para uma aventura como nenhuma outra. O enredo é simples e sem muita profundidade (é um filme infantil, no fim das contas), mas a forma como o estúdio decidiu contar essa história, divertida e empolgante, é que a tornou muito especial.

O melhor do filme, sem sombra de dúvida, é tudo que ele entrega para os fãs do universo criado por Miyamoto. É fan service sim, do início ao fim! Cada personagem, cada objeto, cada cantinho do Reino do Cogumelo foi meticulosamente recriado para sintetizar as quatro décadas de história desse universo. E as referências escondidas? De um gabinete de fliperama Jump Man (sutil e inteligente adaptação do fliperama Donkey Kong, de 1981), passando pelo toque de chamada do celular do Luigi (o tom que toca ao ligar o GameCube) a um restaurante no Brooklyn chamado Chasse au Canard (que, traduzido para o Inglês, vira Duck Hunt), está tudo ali espalhado ao longo dos 90 minutos do filme para os fãs encontrarem. É uma overdose de easter eggs e eu gosto.

A trilha sonora, composta por Brian Tyler com rearranjos das músicas originais criadas por Koji Kondo, é primorosa. Fundamentalmente uma trilha épica de filme de aventura, Tyler insere notas e referências das músicas dos games em pontos-chave do longa que, em mim, provocavam aquela sensação nostálgica gostosa.

Ah, vale comentar: eu assisti o filme com seu áudio original em Inglês. Os comentários sobre quem deu voz aos personagens – Chris Pratt como Mario, Seth Rogen como Donkey Kong e Jack Black como Bowser – se sustentam, isto é, a voz do personagem é a voz do ator*, mas no fim das contas não é tão ruim quanto a internet fez parecer. Na verdade, a maior parte do tempo eu sequer liguei a voz à cara! Sem spoilers, há momentos muito Jack Black em algumas cenas do Bowser, mas dá para relevar. As atuações são autênticas e, no caso dos personagens do mundo real, isto é, que vivem em New York, ainda dá para pegar um sotaque muito característico das famílias de imigrantes italianos do Brooklyn e Queens, que conhecemos principalmente através dos filmes do Joe Pesci, Robert DeNiro, Al Pacino e até com Jerry e Jason Alexander na sitcom Seinfeld.

Outra crítica que se espalhou pela rede nos últimos meses foi que Charles Martinet, o ator que empresta sua voz para Mario há quase 30 anos nos games, não interpretaria o encanador bigodudo em detrimento da escalação de Pratt para o papel. Para felicidade dos fãs, Martinet dá uma pontinha no filme e dubla dois personagens – um deles com parentesco dos irmãos Mario e Luigi.

The Super Mario Bros. Movie é um deleite visual. Na minha opinião é o melhor trabalho feito pelo estúdio Illumination. Os modelos dos personagens, os cenários, a explosão de cores, os efeitos visuais de iluminação e partículas, as texturas, a água… uau! É tudo absolutamente impecável. O mundo é cheio de vida, os ambientes têm propósito e, mesmo sendo tão diferentes, como o contraste entre o Reino dos Cogumelos e o Reino das Sombras, comandado por Bowser, ainda mostram pertencer ao mesmo universo. Eu saí da sala de cinema desejando que, no futuro, os jogos de video game da Nintendo tenham os mesmos “gráficos” do filme, porque parece a direção natural a se seguir.

Como filme infantil, pode faltar alguma coisa… mas como filme pensado para agradar aos fãs da Nintendo, é absolutamente perfeito! Se der, essa semana, volto ao cinema para assistir de novo.

*Eu quis dizer que os atores não desenvolveram vozes para os personagens que interpretaram. Eles dublam com a voz natural de cada um.